quarta-feira, 13 de outubro de 2010


bonsai Será que é fácil?


O nascimento de uma árvore em seu habitat original ocorre na grande maioria das vezes com a natural produção em massa de sementes que se espalham pelo ambiente de várias maneiras. Algumas sementes com perfis aerodinâmicos perfeitos são levadas pelos ventos e chegam a percorrer quilômetros até reencontrarem o solo. No chão, muito poucas conseguem superar as dificuldades e germinar. Para isso é preciso que nenhum pássaro as aproveite como alimento; que o clima mantenha-se em condições ideais de umidade e temperatura; que o solo onde a semente pousou seja fértil e o local possua condições adequadas de iluminação.

Os primeiros meses de vida também serão difíceis. Nenhum animal pode cobiçar a pequenina muda como alimento, o sol não poderá estar muito forte e nem as chuvas muito agressivas. As condições químicas, físicas e biológicas do solo precisarão estar registradas dentro da memória genética desse vegetal para que ele possa se desenvolver saudável como a árvore que o originou. Somente as mudas mais resistentes e melhor adaptadas ao ambiente sobreviverão. Essa dificuldade toda deixa claro a fragilidade das pequenas mudas.

É muito comum na iniciação da prática do bonsai que pessoas comecem a cultivar “árvores em vasos” utilizando-se de mudas. Livros de bonsai, normalmente trazem em seu início o tema “Como produzir uma muda de árvore”, com técnicas simples ou mais complicadas como enxertos e alporques. Alguns cursos de iniciação ao bonsai são elaborados para proporcionar o aprendizado de algumas atividades como adubação, troca de terra e até modelagem com arame em árvores muito novas (mudas). Estas práticas de ensinamentos podem ser perigosas, tanto pela inexperiência do iniciante como pela fragilidade das mudas. Infelizmente, muitas pessoas no Brasil que tentaram o cultivo do “bonsai” e desanimaram por não obterem os resultados satisfatórios desejados. Essas pessoas até se identificam com essa “brincadeira chamada bonsai”, mas a insatisfação em ver fenecer um vegetal ou um ser vivo, muitas vezes desanima e provoca desistência.

Quando uma pessoa pela primeira vez se depara com um autentico bonsai, se surpreende e se interroga:

Como podem viver árvores com dimensões tão reduzidas, manter-se tão belas e até mesmo majestosas ?

Como podem viver saudáveis dentro destes minúsculos vasos ?

Sim, é um choque cultural. O mundo ocidental não estava acostumado com o bonsai. Entretanto essa descoberta maravilhosa aconteceu há mais de 2000 anos no oriente e somente a partir do século passado os ocidentais dele tomaram conhecimento. Para nós brasileiros, que usamos as plantas com pouca freqüência em nossos lares, este “milagre” de uma árvore poder ser tratada e modelada tornando-se um objeto de tão rica beleza e encantamento é realmente surpreendente.

Ao adentrarmos em uma boa exposição de bonsai nos deparamos com ARTE.

A mesma arte que encontramos na pintura, escultura, musica, dança e tantas outras formas em que o ser humano põe em prática sua sensibilidade, engenhosidade e inteligência para dominar a matéria a fim de provocar emoções. Mas o bonsai, diferentemente de outros tipos de arte, precisa de muito tempo para apresentar características essenciais que provoquem uma verdadeira emoção estética. A primeira vista podemos dizer que a forma de “mini-árvore” dos bonsai naturalmente nos encanta, pois é forma reduzida do que estamos acostumados a ver e admirar. Mas não é qualquer árvore que nos chama muito a atenção. Na verdade apreciamos aquelas mais altas, mais grandiosas, mais antigas, com troncos rugosos e grossos, com formas e texturas onde é claramente possível identificar sua longevidade; são as que mais nos impressionam. Isto nos dá uma clara idéia de que as árvores mais antigas são as mais belas e emocionantes, e devem ser imitadas. Imitadas em todas as suas formas e beleza.

Tudo o que na natureza nos é possível observar e admirar.

Até parece fácil !

Mas essa naturalidade custa algum tempo para se desenvolver. Somente depois de muitos anos, com podas regulares é que uma muda terá seu tronco engrossado. E se ela for trabalhada desde cedo com podas freqüentes para se pré-determinar um estilo, será mais fácil transforma-la em um bonsai.

As mudas, que são trabalhadas por algum tempo, geralmente produzidas por viveiros especializados, são chamadas de Pré-bonsai. Estes se caracterizam por seus troncos mais grossos, sua copa com dimensões reduzidas e estilo pré-definido. O pré-bonsai muitas vezes é produzido de galhos através de técnicas especiais que permitem o surgimento de raízes no próprio galho. Esta técnica traz a vantagem de proporcionar troncos mais grossos em relativamente pouco tempo de tratamento. Mas em contra partida não possuem um dos aspectos mais valorizados nos bonsai, seu enrraizamento na base do tronco. De qualquer forma independente da técnica usada, desde que bem usada, as mudas serão na grande maioria das vezes mais frágeis que um pré-bonsai. A reserva de energia de uma árvore é armazenada em sua estrutura de galhos, troncos e raízes, de tal forma que galhos mais finos, raízes pouco desenvolvidas deixam a muda mais frágil.

A definição de bonsai deve ser compreendida e não traduzida. O bonsai não é só um substantivo, mas também um verbo. Qualquer tratamento que se dê a esta “arvore envasada”, inclusive o mais simples, é definido como bonsai. Bonsai é regar, bonsai é adubar, bonsai é transplantar, bonsai é podar, bonsai é caprichar..., o melhor de tudo é que o bonsai é um lazer artístico acessível a todas as pessoas, e não somente aos grandes mestres.

É muito importante para os iniciantes esta compreensão de prazer lúdico ao “brincarmos” com o bonsai. Muitas vezes, a mentalidade ocidental nos faz querer tudo de uma maneira imediatista e competitiva. O cultivo do bonsai carrega em si muito do espírito oriental antigo, onde o tempo não tem tanta importância, onde a felicidade pode ser encontrada em pequenos detalhes do dia a dia e onde o perfeccionismo se impõe fortemente. Infelizmente nossa modernidade carrega como qualidades o resultado rápido, e é muito comum no ocidente o valor das exibições em que os mestres procuram mostrar a transformação de um pré-bonsai em bonsai em uma única exibição de 3 ou 4 horas. Estas práticas são incomuns no Japão. Devemos procurar conhecer esse “outro lado”, buscar continuamente o prazer nas pequenas ações que esta prática nos proporciona, sem ansiedade, melhorar cada vez mais um bonsai independentemente de sua idade, pois o efeito em nosso crescimento será igual.

Entretanto é necessário compreender a existência de uma visão ocidental e que esta deve ser respeitada. Mas certamente o praticante ocidental de bonsai poderá ganhar muito ao descobrir que esta pode ser uma forma de aprimoramento de qualidades essencialmente humanas, como a paciência, a humildade, a tenacidade, a perspicácia e serenidade de espírito. A concentração e a disciplina exigida pelo bonsai e o estado sereno necessário para sua prática nos remetem a um estado meditativo que nos permite ausentarmo-nos de nosso ego e nos tornarmos mais placidamente irmanados com a natureza.


MODELAGEM..


A modelagem é feita para se conseguir a forma desejada e poderá ser feita com arames de cobre ou alumínio, associada a podas periódicas. Os arames terão a função de direcionar o crescimento dos galhos e as podas periódicas servirão para manter a forma inicial removendo brotos e galhos que cresçam fora da posição ou exageradamente. O uso de boas técnicas de aramação nos permite trabalhar com árvores de quase todos os tipos. Pôr exemplo se você quiser fazer um bonsai parecer mais velho, estas técnicas devem ser usadas para que todos os galhos fiquem inclinados para baixo, ou ainda se você quiser acentuar as curvas do tronco ou elimina-las pôr completo. O mais fino possível, que possa segurar o galho na posição desejada é o diâmetro certo do arame a ser utilizado. Não é conveniente aramar árvores que foram plantadas recentemente, sempre dê ao seu bonsai tempo para se recuperar de uma técnica, antes de começar outra.

O arame deverá sempre ser enrolado na direção para onde o galho vai ser curvado, evitando sempre enrolar(esmagar) folhas, brotos e pequenos ramos junto ao tronco. Não aperte muito para não danificar o galho. Enrole o arame em volta do galho apertando apenas o suficiente para conseguir um resultado satisfatório. O processo de aramação leva aproximadamente de seis à oito meses até que a forma seja definida. Em muitos casos será necessário rearamar certos galhos para finalmente se conseguir a forma desejada. Como a aramação é uma das técnicas fundamentais para a modelagem, é possível que você acabe adquirindo um bonsai ainda com os arames de formação, neste caso será importante obter informações sobre o tempo correto que o arame ainda deverá ficar na planta, pois a permanência do arame por um tempo excessivo poderá trazer danos irreparáveis nos galhos onde estão colocados.

ESTILOS DE BONSAI..


As árvores se agrupam por estilos em função de sua silhueta. Os estilos são determinados pelo grau do ângulo formado por uma linha vertical e uma linha traçada de cima para baixo do tronco.Dividem-se em grupos, conforme o nº de troncos.

GRUPO I - um só tronco

CHOKKAN - Um único tronco reto clássico, que se afila gradativamente.

SHAKAN - Um único tronco reto inclinado.

KENGAI - Estilo cascata, inclinando para baixo.

BANKAN - Tronco sinuoso, que se enrola sobre si mesmo.

Estilos derivados:

MOYOGI - Um único tronco reto informal (sinuoso)

HAN-KENGAI - semicascata

BUJINGI - tronco ascendente oblíquo, com ramas no ápice.

HOKIDACHI - árvore em forma de vassoura.

SABAMIKI - tronco rasgado, separado, em parte descoberto.

SHARIMIKI - tronco descascado, dando aparência de árvore morta.

FUKINAGASHI - açoitado pelo vento, inclinado, com as ramas de um só lado do tronco.

NEAGARI - as raízes ficam descobertas, expostas.

SEKIJOJU (ISHITSUKI)- as raízes envolvem a pedra e se unem a terra.

ISHITSUKI - árvore plantada sobre a rocha.

NEJIKAN - tronco parcialmente tortuoso.

GRUPO 2 - troncos múltiplos de uma só raíz

SOKAN - um tronco duplo

KABUDACHI - troncos agrupados provenientes de um único sistema de raízes.

KORABUKI - vários troncos sobre um mesmo toco em forma de casca de ostra.

IKADABUKI - são troncos formados pelos galhos de um tronco principal deitado na superfície em forma de balsa.

NETSUNAGARI - vários troncos que surgem de uma só raíz, com estilos sinuosos.

GRUPO 3 - Troncos múltiplos (bosque)

SOJU - com dois troncos

SAMBON-YOSE - com três troncos

GOHON-YOSE - com cinco troncos

NANAHON-YOSE - com sete troncos

KYUHON-YOSE - com nove troncos

YOSE-UE - mais de nove troncos

YAMAYORI - árvores agrupadas de forma natural.

TSUKAMI-YOSE - troncos múltiplos saídos de uma mesma base.

ORIGEM DO BONSAI..


O Bonsai teve sua origem na China, acredita-se antes do século VIII , quando já era grande o interesse dos chineses por pedras decorativas e por manter em vasos árvores naturalmente miniaturizadas, que eram em sua grande influência da cultura chinesa, com uma forte expansão do Budismo. Foi portanto, nesse período, conhecido no Japão como período HEIAN, que o gosto por árvores em miniatura envasadas foi assimilado e começou a ser difundido naquele país.

Nos vários séculos que se seguiam, o cultivo de árvores envasadas consistia somente em coletar espécies miniaturizados na natureza e mantê-los em potes. Esses exemplares tinham grande valor e eram possuídos somente pelos nobres. A difusão do Zen, a partir do século XIII , viria a difundir mais ainda o gosto pelas árvores-miniatura envasadas, sendo que três séculos mais tarde se iniciaria a prática de trabalhar a forma e aspectos das árvores e, também, a miniaturização de um exemplar não miniaturizado.

A arte do bonsai começava realmente existir e foi no período da Renascença no Japão, que o Bonsai adquiriu definitivamente as suas características atuais.

BONSAI-O QUE E ?


O nome "Bonsai" é japonês, e a tradução literal da palavra é "plantado numa bandeja".

Ao contrário do que muitos pensam, o Bonsai não é um padrão de árvores que por características próprias permanecem sempre pequenas, e nem tão pouco existem sementes de bonsais. O Bonsai é adquirido atravéz de técnicas, para fazer com que uma árvore, arbusto ou trepadeira que poderiam atingir metros de altura em seu porte natural, não ultrapasem alguns centímetros, mas sem deixar de expressar totalmente a beleza e o volume da planta em seu porte original.

Qualquer planta que tenha um tronco lenhoso, possui qualificações para tornar-se um Bonsai, mas não basta observar apenas esse aspécto. É preciso saber que cada planta possui características próprias. Se uma planta naturalmente já apresenta folhas pequenas ( serissa, ligustre, pitangueira... ), é claro que a obtenção de um Bonsai dessas plantas irá se tornar muito mais fácil. Mas se as folhas forem grandes ou enormes ( mangueira, palmeira, bambu...), torna-se um pouco difícil aplicar as técnicas. Apesar disso, existem pessoas muito experiêntes nessa arte, que conseguem fazer Bonsais dessas plantas ( inclusive coqueiros ), levando em conta que os bonsais com mais tempo de cultivo sofrem uma diminuição natural do tamanho de suas folhas devido a insistente aplicação de técnicas com o passar dos anos.

A diferença entre um Bonsai e as outras plantas de vaso, é que, enquanto essas são em geral, espécies cujas flores ou folhas nos dão motivo de apreciação da planta, no Bonsai o que conta é a miniaturização. Em outras palavras, a beleza, por exemplo, de toda uma árvore reduzida a uns poucos centímetros, em perfeita harmonia com o recipiente onde está plantada.

O tamanho de um Bonsai pode variar muito, em rigor ele deve ter somente de 30 a 48 centímetros de altura, mas essa regra é muito antiga e não deve ser seguida pois o que vemos hoje são quatro classificações para os tamanhos:

MINIS - Até 15 cm

PEQUENOS - De 15 a 30 cm

MÉDIOS - De 30 a 60 cm

GRANDES - Maiores que 60 cm*

* Algum limite de tamanho deve ser respeitado, a depender da espécie.

Existem vários estilos de Bonsai, todavia, assim como as árvores encontradas em seu ambiente natural, não existem dois exatamente iguais.

Bonsais podem ter troncos grossos e retos, finos e retorcidos, inclinados, dois ou mais troncos, etc... enfim, todas as formas que são vistas na natureza. O grande segredo, essencialmente, consiste em escolher uma planta que tenha potêncial para tornar-se um bom exemplo de Bonsai. Naturalmente a partir daí, o cultivo requer atenção constante e afetuosa, e para que cresça saudável, será necessário sol, água, fertilizantes e terra adequada. Paralelamente, para dar a forma desejada, a planta será cuidadosamente educada, podada, replantada, amarrada e cultivada com certas técnicas.

A miniaturização, por si só, não é o objetivo de cultivo de Bonsai. O sucesso, efetivamente, é o resultado consolidado de vários esforços, para formar uma árvore em miniatura sim, mas absolutamente saudável.

Árvores nanicas, como se sabe, podem ser encontradas em ambientes naturais, mas em situações em que fatores climáticos tenham contribuido para isso, ou que alguma semente de uma árvore maior tenha caído em uma fenda de uma rocha por exemplo, e nesta tenha encontrado condições para crescer, porêm em proporções reduzidas pois as raízes estão restritas a aquele espaço. No Bonsai, no entanto, esse ambiente é criado artificial e propositalmente, mas sem que se possa descuidar dos principios botânicos de cultivo, e por isso o fato das plantas serem cultivadas em bandejas cada vêz menores. Aliás, no Japão, a importância dada aos vasos dos Bonsais, é quase igual a atenção dada aos próprios, pois eles valorizam muito a arte da decoração de ambientes feitas através de Bonsais. A mais recente tendência, é criar a simulação de uma floresta, com árvores-bonsai plantadas numa bandeja, eventualmente combinadas com arbustos-bonsai e pedras (penjing)